Bullying: a máscara das problemáticas sociais

Toda forma de agressão, intencional e repetida, sem justificativas e que utiliza o poder ou força para intimidar alguém, submetendo o indivíduo ou a vítima a traumas, baixa autoestima e problemas de relacionamento; atitudes discriminatórias e uso de apelidos pejorativos, foram denomidadas Bullying.

Esse termo obtido por meio da abstração dos processos sociais responsáveis pela sua eclosão, reduz o peso real na consciência do ser humano e sua reflexão sobre as atitudes que corrompem o bem estar social. É um estereótipo de problemas de relação com o outro. São questões fundamentais falseadas a um interesse maior. Interesses políticos? Aquém do que uma sociedade alienada pode cocluir, sociedade essa que interessa aos líderes viosionários e corruptos que têm o controle de tudo. Não o governo, o controle!

A denominação Bullying importada da língua inglesa camurfla muitas problemáticas sociais, tais como agredir fisicamente, roubar ou estragar, objetos alheios, extorquir dinheiro, forçar comportamentos sexuais, obrigar a realização de atividades servis, insultar, apelidar, “tirar sarro”, fazer comentários racistas, homofóbicos ou que digam respeito a qualquer diferença no outro; excluir sistematicamente uma pessoa, fazer fofocas ou espalhar boatos, ameaçar excluir alguém de um grupo para obter algum favorecimento ou, de maneira geral, manipular a vida social de outrem.

Quando um ofende o outro, é uma prática de Bullying. Não! É divergência de gênero, de raça, de sexo, de ideias, de sociedade e tantos outros ítens que o Bullying não deixa aparecer.

Nas escolas, nas ruas, em todos os lugares da sociedade andam os Bullies, que são os agressores. Agressores? Também não! Esses são os racistas, egoístas, preconceituosos, homófobos, mal educados, intolerantes, violentos, dentre muitos outros adjetivos que representam verdadeiramente os Bullies. E quem vê isso? A sociedade não vê porque a realidade não aparece.

Esse comportamento resiste á soluções simplistas e quando se utiliza Bulyling para definir diversos processos sociais geradores de indiferenças entre povos, o leque de dissolução reduz ao mínimo possível, porque se não há uma visão objetiva e clara do fato social correspondente à ação preconceituosa, uma atitude meramente punitiva alimentará uma agressvidade passível de transtornos e ideias de vingança que culminarão numa tragédia até mesmo futura.

Vitimados pelo Bulyling vivem com baixa autoestima, baixo rendimento e evasão escolar, estresse, ansiedade e agressividade, isolamento social como uma forma de fuga e proteção contra as agressões. A situação pode, ainda, progredir para fobias e depressões com idéias suicidas.

A pergunta que não quer calar é se estamos prontos para lidar com isso nos ambientes em que vivemos. Em casa, na escola, no trabalho, com a família, com os amigos. Muitas pessoas, muitas crianças precisam ser ouvidas, porque essa agressão que foi tão reduzida atualmente, não se limita a fatores sociais, econômicos e culturais, ela abrange a influências de colegas, da escola, da comunidade, as relações de desigualdade e de poder, relações negativas com os pais, o clima emocional frio em casa, produzem esses comportamentos. Está mais próximo do que conseguimos enxergar.

A intolerância e o preconceito não devem ser camurflados a Bulyling. Não se trata de uma brincadeira, porque na brincadeira todos se divertem. Não são simples gracejos, nem “coisa de criança ou de amigos”, tampouco de uma fase que passa na vida das pessoas. E se passar, as consequências não importam?

No Brasil essa forma de violência estará sempre atrelada à imensa problemática caracterizada pela desigualdade e exclusão social, contudo, os germes do preconceito e da intolerância podem ser localizados em cada ser humano, sem exceção.

A informação leva ao conhecimento, a partir de que é internizado e praticado por quem leu ou ouviu. Fazer as perguntas certas é um exercício desenvolvido pela filosofia, encontrar as respostas é resultado de uma inquietação despertada.

Pessoas alienadas não se movem, não reivindicam. A sociedade é imediatista, informações correm a todo o tempo, e não nos damos ao trabalho de pensar em tudo que vemos, abrindo espaço para que a injustiça controle o comportamento de uma massa de seres inteligíveis, porém retrógados.

Mais do que vemos são as coisas que nos são mostradas. Abrir os olhos é acionar o intelecto. Bullying não é um problema, são muitos problemas falseados para que os seres humanos se corrompam entre si, se preocupem entre si, e tirem sua atenção do alvo que promove todo um desconserto social. Somos Bullies de nós mesmos quando não queremos mais enxergar.

Allan Maykson Longui de Araújo
Professor de Filosofia do Centro Educacional Projetar e Contador de Histórias.
allan.maykson@hotmail.com
Linhares, ES



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