Nos recaus da poesia

No abrigo deste galpão,
Vou tragando inspiração
Na fumaça da madeira.
A cambona chiadeira,
Se aquece sobre o tição
E eu cevo um bom chimarrão,
Com esta erva da Palmeira.

Vem chegando o mês de agosto,
Trazendo o vento no rosto,
Lá das bandas orientais.
Vai sapecar os hervais
E enrugar beiço e garrão,
Do meu flete redomão,
Que é bagual entre os baguais.

Já, separei da eguada,
Pois, tinha a crina esfiapada,
De trotear de encontro ao vento.
Cumprindo seu mandamento,
De selvagem natureza
E é minha maior riqueza,
Nos itens do testamento.

Vou tomar meu chimarrão,
Perto do fogo de chão,
Onde a friagem se amena.
E dar de mão numa pena,
Pra ir rabiscando um verso,
Pois, usando esse processo,
Eu nunca fujo do tema.

E nem começo com broma,
Se é sobre cuia e cambona,
Que o mote trouxe à porfia.
Mas, se me falta fantasia,
Quando é assunto amarrado.
O meu verso fica ajoujado,
Nos recaus da poesia.

Falar de cuia e cambona,
Que rima com cordeona,
Com doma e com redomona
E outras cositas mas.
Sinto que não sou capaz,
De bolear mais uma rima,
Então, ergo a cuia pra cima
E faço um brinde à paz!

Clodinei Silveira Machado
silveiraselva@ibest.com.br
Santo Ângelo, RS



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