O mascate

Amigos, peço um aparte
Para falar de um vendedor que era chamado mascate!

Estava na sombra do rancho
De poncho, bombacha e cabungo
Quando chegou o giramundo
Vendendo as suas miudezas

Levantei-me com destreza
E acalmei a cuscarada
Fui dando uma cusparada
No fumo do meu palheiro
E de um jeito hospitaleiro
Dei buenas para o mascate
E servi quente e ligeiro
Um bueno e gaúcho mate

Deixei longe o Bacamarte
Ao se aproximar o moço
Sua beca era um colosso
E era fino o linguajar
Fez-me um verso rimado
Que me deixou embasbacado
Dizendo que era mascate
E ao contrario do atacado
Era vendedor varejista
Vendia de tudo um pouco
Mas que não pedisse fiado
Porque só vendia à vista

Oiga! vi que era vigarista
E deixei à mostra a xerenga
Pois, não sou de lenga-lenga
E não dei mais chimarrão
Mostrou-me a seda de luxo
Tinha até Amor gaúcho
Meu perfume domingueiro
Que eu comprei lá no bolicho
Tinha jóias e anáguas
E me pediu um copo d'água
Com saliva e ladainha
E a minha véia lá da cozinha
Me levantou a peteca
_Tu tá brigando com quem?
E eu disse se acalma, bem
_Tô só ralhando... um guaipeca!

Clodinei Silveira Machado
silveiraselva@ibest.com.br
Santo Ângelo, RS



Se você quiser divulgar neste espaço, envie seu seu trabalho para casadopoeta.stgo@gmail.com com os seguintes dados: nome completo; foto; blog (se tiver); e-mail para contato e cidade/estado.


ATENÇÃO: A Casa do Poeta de Santiago não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos ou pelas idéias expressadas por estes. Os artigos publicados neste espaço são de inteira responsabilidade dos seus respectivos autores, e expressam as idéias pessoais dos mesmos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Escritoras selecionadas para o vol. 13 do livro Infinitamente Mulher

Resultado Concurso Nacional de Poesia Oracy Dorneles 2022

Vem aí: volume 13 Infinitamente Mulher